Quanto vale o olhar de um poeta honesto?

Um escarro, um gracejo

Nojo, um atendimento

Uma passagem de ônibus de volta para casa?

Casa? Mas onde moram os poetas?

Se a poesia tem milhões de pés,

Brancas e penosas azas

O dia tem muito mistério a resolver

Ele tem chave para qualquer porta fechada.

De que vale as palavras de um poeta modesto?

Um crediário numa loja de calçados,

A primeira parcela para o próximo mês,

A vez numa rodada de apostas,

Poucas migalhas, muitas moedas.

-Podes ter o mundo desprezível em mãos, deitado na próxima calçada

É Justo que na poesia cabe tudo ou nada que nela caiba.

-Tens a desgraça, consolo na garrafa, na fumaça.

Caprichos de quengas

Qualquer tempo para a fuga

A poesia está nova, não tece as rugas.

Esses poetas que distribuem pelas ruas da mata

Seus Coletivos em preto, branco e vermelho

Sufocado, com poucas paginas

Adormecem pelos bancos de praças

E morrem pela própria boca

Num canal ou no mangue ou até mesmo no meio da mata

Colocam terra na própria boca

A eles, toda a poesia é pouca

Toda mulher numa esquina depois das 12:30 da noite é saudável

Toda reza que não seja para as musas

É forçada, rezada, mas desagradável

Toda prostituta é digna de matrimonio

Qualquer pessoa é convidada em sua casa,

Rasga-lhe o peito, ateia-lhe um liquido inflamável

Coloca-lhe fogo “queimável”.

Todo bordel é casa da mãe

Todo o dia é interminável